A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo
(Osesp) voltará a tocar em Londres neste ano nos concertos da BBC Proms 2016. A orquestra será regida pela sua titular, a americana Marin Alsop, com um repertório eclético com obras de Marlos Nobre, Rachmaninoff, Heitor Villa-Lobos e
Edvard Grieg.
A Osesp já se apresentou na BBC Proms em 2012, também com Marin Alsop na regência.
Na ocasião, foram apresentadas
exclusivamente músicas
compostas nas Américas: a saborosa e
pitoresca "Momoprecoce" de Villa-Lobos, para
piano e orquestra (baseada no "Carnaval das
Crianças Brasileiras", que Villa Lobos
escreveu para piano solo), com Nelson Freire
abrilhantando a obra com seu talento já há
muito reconhecido mundialmente; a Sinfonia
do Novo Mundo de Dvorak; a Suite do Ballet
Panambi, do argentino Alberto Ginastera, que
terminou com um espetacular "Malambo", e
encerrando o concerto, a regente presenteou
a platéia com a eletrizante "Pé de Vento",
de Edu Lobo, uma peça de bravura rítmica com
sabor bem brasileiro, dir-se-ia um frevo
desenfreado, que arrebatou os ouvintes
presentes e fez o concerto encerrar com
muitos bravos, apupos e aplausos da platéia.
Com certeza a Osesp e Marin Alsop irão
repetir o exito de 2012 outra vez neste ano.
A Osesp é sem dúvida uma das melhores
orquestras do Brasil e das Américas. Estando
nas mãos da sua energética regente titular,
Marin Alsop, a orquestra parece
potencializar mais ainda o talento de seus
músicos.
Sobre a nova tournée internacional da Osesp,
acho importante aproveitar para dizer: precisamos de mais iniciativas assim para levar nossas melhores orquestras para tournées no exterior. O talento brasileiro precisa ser mais bem conhecido nos grandes centros da música clássica mundial.
A verdade nua e crua é que os americanos e
europeus não conhecem praticamente nenhuma
orquestra brasileira. Ao contrário de
orquestras estelares estrangeiras cujas
entidades mantenedoras investem para que se
produzam tournées internacionais, gravações,
filmagens, etc, as orquestras do Brasil,
historicamente, pouco gravaram e
praticamente jamais viajaram além das
fronteiras. Nos anos 70, a OSB, no comando
de Karabtschevisky, fez duas tournées
memoráveis, uma nos EUA e outra na Europa.
Na ocasião, foram gravados lá fora LPs da
OSB com obras de Marlos Nobre, Villa-Lobos,
Guerra Peixe. Depois disso, o Brasil
precisou de mais de 30 anos para ver alguma
orquestra tupiniquim dar o ar da graça
novamente em terras de Além Mar.
Qual o motivo disso? Não creio que seja por
falta de talento dos músicos. Como diz
incansavelmente Lauro Gomes, que trabalha
conosco aqui no portal, "no Brasil, nós temos
alguns dos maiores talentos musicais e
orquestras com nível de primeiro mundo". Mas
falta iniciativa. Tão somente. Uma orquestra sinfônica é um dos melhores representantes
culturais de um país. Com todo o respeito
pelo que vou dizer agora, e lamento se
alguém vai se ofender com isso, mas música
erudita representa muito melhor o Brasil do
que um time de futebol ou dançarinas
rebolando seminuas no carnaval.
Se queremos que um dia o povo lá de fora
pare de ver o Brasil como um país pobre,
cheio de favelas e crime, mas "apesar de
tudo", com praias maravilhosas, grandes
jogadores de futebol, e mulheres bonitas
sambando de biquini pelas ruas - e nada mais
que isso - é hora
de nossos governantes e iniciativa privada
começarem a ver que um dos melhores
diplomatas de um país é a CULTURA. Funciona
mais do que apertos de mão e fotos bonitas
de encontros de representantes de países
apertando as mãos diante das câmeras, e
prometendo coisas que muitas vezes não se
cumprem totalmente. E as vezes nem
parcialmente.
Parabéns à Osesp, à Marin Alsop e aos
responsáveis pela bela iniciativa dessa nova
tournée à Londres. É de gente como vocês que
o Brasil precisa!
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DA COLUNA "O MUNDO DA MÚSICA" |